segunda-feira, 17 de novembro de 2008

ASSIM BRILHE A SUA LUZ


"14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; 15nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. 16Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus".Mateus 5.14-16a

I - Introdução

1. A grande dificuldade do cristão, muito mais do que estudar a Palavra de Deus, é colocar em prática os ensinamentos recebidos através do estudo da palavra. Não compreendemos nosso mandato e nossa vocação.

2. Thiago captou a essência dos ensinamentos de Cristo, e em sua carta alerta os cristãos: "Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos" (Thiago 1.22).

3. Os judeus tinham enorme dificuldade em colocar em prática as leis de Deus.

A) Se na lei estava escrito: "Guarda a Palavra na Tua cabeça", eles amarravam uma caixinha de couro na cabeça com um pedaço da lei dentro.
B) Se Deus dizia: "Põe a Minha Palavra no teu braço direito", eles amarravam outra caixa com um pedaço da lei no braço, ou escreviam a lei na manga do vestido, etc...., e assim se foi deturpando, desde o início, a relação entre o conhecer e o praticar a Palavra de Deus.

4. Temos estudado no Sermão do Monte diversos preceitos básicos para a vida do cristão. A ordem de Jesus Cristo é que seus discípulos sejam "O sal da terra e a luz do mundo".

5. O Sal é aquilo que não é visto, mas tem propriedades extremante sentidas no paladar e na conservação dos alimentos. A luz é visível. O Sal vem da terra ou do mar. A luz vem do sol, das estrelas, eis meios naturais. É vista e aparece.

6. Isso nos ensina que nossas obras visíveis devem ser realizadas com ética invisível. De nada adianta realizarmos "Obras para Jesus" que desrespeitem a ética. Os mandamentos revogados por Jesus foram os cerimoniais, e não os éticos.

7. Jonas, o profeta desobediente e tendencioso, nos deixou o exemplo do "Sal que não queria salgar", mas que salgou mesmo sem querer, porque era a vontade soberana de Deus em ação, e a sua atitude nos alerta que devemos reagir positivamente ao chamado divino, tendo consciência de nosso chamamento e de nossa missão. Devemos ter sempre em mente as implicações que contém a nossa eleição.

"Vós porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (1Pedro 2.9).

8. Temos oscilado entre o escribismo/farisaísmo, e o exemplo negativo de Jonas. Pouquíssimas vezes temos assumido a postura de Paulo. Se todos nós assumíssemos a postura de Paulo, certamente o mundo em que vivemos seria diferente.

9. Muitas vezes reduzimos nossa missão como cristão a freqüentar de forma mecânica o estudo bíblico. Muitas vezes não demonstramos qualquer compromisso com Deus. Não lemos a bíblia; não lemos a revista que contém a lição. Às vezes não sabemos nem o assunto que será tratado no período de ensino.

10. Outros, aparecem na Igreja apenas para "buscar" a "sua" bênção, como se o evangelho de Jesus Cristo se resumisse na "obrigação" de Deus abençoar e dar bênçãos àqueles que se dizem "seus filhos".

11. Outros, ainda, comparecem apenas no culto de domingo à noite, talvez porque no domingo, após o almoço na casa da sogra, pouca coisa há para se fazer. Ademais, as músicas são legais; a coreografia serve para desenferrujar um pouco o esqueleto; a palavra é light; revemos amigos; alguns até aceitam a Jesus de novo, tal é o desligamento do corpo.

12. Tais comportamentos, representam distorções da missão que Jesus delegou ao seu povo. A comparação entre Jonas e Paulo, é salutar na medida em que dois opostos são colocados lado a lado. Os dois num barco. Um no fundo do porão, o outro ativo no convés. Um escondendo sua nacionalidade; sua crença; sua fé. O outro dando testemunho vivo a respeito das mesmas.

Objetivo da Palavra: Esta palavra se destina aqueles que desejam deixar de ser cristãos teóricos; nominais; descompromissados com o reino; caçadores de bênçãos; eternas crianças espirituais que estão sempre à procura de leite para beber, e que desejam assumir a sua postura de "chamados de Deus" para fazer a diferença no meio em que vivemos. Deus quer que sejamos "A LUZ QUE ILUMINA".

II - A Luz Que Ilumina

Como ser a luz que ilumina? Quais os procedimentos? Como não incorrer no escribrismo/farisaísmo ou no escapismo de Jonas?

2.1. A Luz Que Ilumina Obedece a Visão.

Atos 26:19-20: "19Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial, 20mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento".

2.1.1. Diferentemente de Jonas que optou por se isolar no fundo do porão do navio, Paulo estava preso, e diante do Rei Agripa sustenta seu testemunho. Afirma e reafirma seu compromisso de pregar o evangelho. A luz que ilumina, ilumina todo o lugar. Ilumina a periferia; ilumina a Capital; ilumina o serviço; ilumina a faculdade; ilumina o lar.

2.1.2. A luz que ilumina tem consciência de seu chamamento. Testemunha mesmo em situação de diversidade. Muitas vezes achamos que só porque estamos fazendo a vontade de Deus tudo tem que ser "cor de rosa". A luz que ilumina não se turva ante as dificuldades, mas as interpreta como oportunidade para o testemunho.

Aplicação prática: As dificuldades que atravessamos são oportunidades para a manifestação da glória e da graça de Deus. Quantas vezes perdemos as bênçãos de Deus porque perdemos o foco de nossa missão, em face das dificuldades momentâneas.

2.2. A Luz Que Ilumina Se Integra.

Atos 27.3, 37: "No dia seguinte, chegamos a Sidom, e Júlio, tratando Paulo com humanidade, permitiu-lhe ir ver os amigos e obter assistência". "Estávamos no navio duzentas e setenta e seis pessoas ao todo".

2.2.1. Paulo invocou seu direito de ir à Roma, perante o imperador. Algemado e preso, embarca num navio. Jonas se alienou no navio, e Paulo fez amizades. Júlio deveria ser o capitão/centurião do Navio, e ante o carisma e o temperamento de Paulo o permite que veja os amigos e se despeça.

2.2.2. Paulo sabia até o número de tripulantes do navio, tal a sua interação com o ambiente.

Atos 27.33-34. "33Enquanto amanhecia, Paulo rogava a todos que se alimentassem, dizendo: Hoje, é o décimo quarto dia em que, esperando, estais sem comer, nada tendo provado. 34Eu vos rogo que comais alguma coisa; porque disto depende a vossa segurança; pois nenhum de vós perderá nem mesmo um fio de cabelo".

2.2.3. A interação responsável, leva a Luz que ilumina a se preocupar (de verdade, e não com finalidade mesquinha) com os outros. Enquanto Jonas não estava nem aí com a tormenta, Paulo se preocupa com a tripulação. Já era conhecido de todos, e orientava que se alimentassem.

2.2.4. A Luz que ilumina não se aliena nas situações adversas porque passam os que estão próximos. A luz que ilumina é envolvente; traz palavra de conhecimento e de sabedoria.

2.3. A Luz Que Ilumina Interpreta Os Fatos Naturais de Forma Natural.

Atos 27-9-10. "9Depois de muito tempo, tendo-se tornado a navegação perigosa, e já passado o tempo do Dia do Jejum, admoestava-os Paulo, 10dizendo-lhes: Senhores, vejo que a viagem vai ser trabalhosa, com dano e muito prejuízo, não só da carga e do navio, mas também da nossa vida".

2.3.1. Paulo, após verificar a extrema dificuldade em que estavam navegando, conforme descrito nos versículos 7-8, provavelmente por intuição do Espírito Santo, emite a sua opinião, interpretando corretamente a contrariedade dos ventos.

2.3.2. Paulo, podia, ao melhor estilo triunfalista, repreender os ventos; bater no peito e dizer: Eu tenho que ir ter com o imperador. Ventos: cessem. Mar: Aquiete-se. Não. Paulo interpretou corretamente os fatos naturais. Não espiritualizou o que era natural. Quantas vezes espiritualizamos o que é natural, e naturalizamos (silogismo?) o que é espiritual. Em ambos os casos, quando isso acontece, somos envergonhados, e envergonhamos o evangelho.

2.3.3. A luz que ilumina, ilumina não apenas porque emite opinião, mas porque emite opinião contextualizada, dentro dos limites da razoabilidade. Paulo podia ficar quieto, mas não se omitiu.

2.3.4. A Luz que ilumina não despreza o conhecimento humano profissional.

Atos 27.30-32: "30Procurando os marinheiros fugir do navio, e, tendo arriado o bote no mar, a pretexto de que estavam para largar âncoras da proa, 31disse Paulo ao centurião e aos soldados: Se estes não permanecerem a bordo, vós não podereis salvar-vos. 32Então, os soldados cortaram os cabos do bote e o deixaram afastar-se".

2.3.5. Quantas vezes desprezamos o conhecimento humano, apenas porque temos uma revelação de Deus, e acreditamos que não necessitamos de ajuda, de conhecimento profissional. É como se Paulo dissesse: Eu entendo de evangelho, mas de mar, de remo, de navio, entendem os marinheiros. Nós precisamos deles. Nada como um Cristianismo equilibrado.

2.4. A Luz Que Ilumina Participa Dos Sofrimentos E Traz Uma Palavra de Esperança.

Atos 27.19-21: "E, ao terceiro dia, nós mesmos, com as próprias mãos, lançamos ao mar a armação do navio. E, não aparecendo, havia já alguns dias, nem sol nem estrelas, caindo sobre nós grande tempestade, dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento. Havendo todos estado muito tempo sem comer, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Senhores, na verdade, era preciso terem-me atendido e não partir de Creta, para evitar este dano e perda".

2.4.1. Paulo podia se vingar, mas a luz que ilumina, não levou em consideração que não foi ouvido pelo capitão do navio (versículo 11),.

2.4.2. Quantas vezes esperamos o fracasso dos outros apenas para acusá-los.

2.4.3. O momento não era de acusação, era de uma mensagem de Esperança. A Luz que Ilumina sabe de o­nde vem e para o­nde vai. Sabe que o Senhor vai adiante aplainando os caminhos no meio da tempestade.

2.4.4. A Luz que Ilumina crê no sobrenatural, não apenas nas possibilidades humanas. A Luz que Ilumina sabe discernir o espiritual do material. A Luz que Ilumina sabe ouvir a voz de Deus no meio da tormenta.

Atos 27.22-25: "22Mas, já agora, vos aconselho bom ânimo, porque nenhuma vida se perderá de entre vós, mas somente o navio. 23Porque, esta mesma noite, um anjo de Deus, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo, 24dizendo: Paulo, não temas! É preciso que compareças perante César, e eis que Deus, por sua graça, te deu todos quantos navegam contigo. 25Portanto, senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em Deus que sucederá do modo por que me foi dito".

2.4.5. Quantos de nossos problemas teriam sido evitados se ouvíssemos a voz de Deus.

2.5. A Luz Que Ilumina Ora, Intercede.

Atos 27.35-38. "35Tendo dito isto, tomando um pão, deu graças a Deus na presença de todos e, depois de o partir, começou a comer. 36Todos cobraram ânimo e se puseram também a comer. 37Estávamos no navio duzentas e setenta e seis pessoas ao todo. 38Refeitos com a comida, aliviaram o navio, lançando o trigo ao mar".

Atos 28.8-9: "8Aconteceu achar-se enfermo de disenteria, ardendo em febre, o pai de Públio. Paulo foi visitá-lo, e, orando, impôs-lhe as mãos, e o curou. 9À vista deste acontecimento, os demais enfermos da ilha vieram e foram curados".

2.5.1. A comparação com Jonas é inevitável. Enquanto um não orava de forma alguma, o outro ora de todas as formas. Paulo ora para o repartir do pão com os marinheiros, e ora pela cura de enfermos na ilha.

2.5.2. O mundo espera de que exercitemos a nossa fé. Quantos vão à macumbeira; à benzedeira; pagam promessas, e nós, muitas vezes, que temos a verdade, que conhecemos o poder de Deus, não fazemos uma oração sequer. Nos comportamos como Jonas, eis que, enquanto rolava a maior reunião de oração no convés, dormia no porão.

2.5.3. Quando invocamos o poder de Deus, Deus responde.

2.6. A Luz Que Ilumina É Respeitada Por Todos.

Atos 27.42-44: "42O parecer dos soldados era que matassem os presos, para que nenhum deles, nadando, fugisse; 43mas o centurião, querendo salvar a Paulo, impediu-os de o fazer; e ordenou que os que soubessem nadar fossem os primeiros a lançar-se ao mar e alcançar a terra. 44Quanto aos demais, que se salvassem, uns, em tábuas, e outros, em destroços do navio. E foi assim que todos se salvaram em terra".

2.6.1. Enquanto Jonas era mal visto e desonrado pela tripulação de seu navio, Paulo, A Luz que Ilumina, ganha o respeito. O Centurião desejou salvar a vida de Paulo.

2.6.2. Ora, Paulo não se achegou no navio arrogante, se apresentando como Teólogo aprendiz de Gamaliel, cidadão romano; judeu, e outros quetais. Chegou algemado. Depois de alguns dias, era o homem mais respeitado e que mais liberdade gozava no barco. Ao invés de receber ordens, dava ordens. Era querido. Era respeitado.

2.6.3. Quantas vezes o cristianismo perde o respeito da sociedade porque desrespeitamos algumas dessas características da Luz que Ilumina.

2.6.4. Quando nos omitimos; quando não oramos; quando desprezamos conhecimentos humanos imprescindíveis; quando não participamos dos sofrimentos humanos; quando nos apresentamos de forma arrogante, ao invés de ganharmos o respeito, ganhamos antipatia, de modo que até torcem para nosso tropeço.

Fomos Chamados Para Ser Luz;
Fomos Chamados Para Iluminar;
Fomos Chamados para Sermos A Luz Que Ilumina.

III - Reflexão

3.1. Qual tem sido a nossa Atuação. Temos Iluminado?

3.2. Será que estamos mais para Jonas ou mais para Paulo?

3.3. Será que estamos mais para Escribismo/Farisaísmo ou para o verdadeiro Cristão que Ilumina?

3.4. Precisamos ter consciência que nós é que temos que brilhar (brilha Jesus, mostra ao mundo...).

3.5. Nós que temos algo que mostrar ao mundo.

3.6. Jesus disse: Vós sois. Ele disse, e se Ele disse, é porque espiritualmente nós somos. Não aceitemos menos do que aquilo que Ele disse à nosso respeito. Jesus se dirigiu a um grupo de homens carentes de regeneração. E assim também Ele se dirige à nós.

3.7. Vós sois a luz do Mundo. Não se esconde uma cidade edificada no monte. o­nde estamos edificados? Na palavra? Na rocha que é Jesus? Estamos escondidos? Não estamos iluminando? O que tem empanado o brilho de nossa luz?

3.8. Brilha Jesus. Não é Jesus que tem que brilhar. Somos nós. Ele disse: Vós sois a luz do mundo. Então brilhemos. Manifestemos as boas obras para que o mundo glorifique nosso Pai que está nos céus.

IV - Bibliografia

4.1. Sal Fora do Saleiro Caio Fábio - Vinde
4.2. Sermão do Monte John Stott - ABU
4.3. Novo Testamento Interpretado Champlian, Russel - Candeia
4.4. Estudos No Sermão do Monte. Lloyd Jones - Fiel