sábado, 22 de novembro de 2008

MENTE E EMOÇÕES


“Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza de seu coração, os quais , tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impurezas. Mas não foi assim que aprendestes a Cristo...” (Efésios 5:17-20).

“Amarás pois o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.” (Marcos 12:30).

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação de vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:11).

Como é descrito o ser humano afastado de Deus?

O primeiro texto retrata o ser humano alheio a Deus, que vive segundo sua própria vontade. Tanto em seu coração quanto em sua mente ele leva os sinais deste afastamento (dureza de coração e ignorância de entendimento), e que determinam um distanciamento cada vez maior. Características inerentes ao ser humano, como o entendimento (mente) e o coração (emoções) estão, neste estado degenerados, e neste caso os leva a se afastar-se ainda mais do criador.

Mas, e no homem reaproximado de Deus, que trilha o caminho da santificação, qual o papel da mente e do coração?

Podemos até especular: ora, se enquanto afastados de Deus, nossa mente e coração nos levam para cada vez mais longe Dele, será que ao sermos convertidos à Deus, não seria melhor abandonarmos tais qualidades de nossas vidas, já que são potencialmente perigosas? Esta especulação é válida?

Para tentar respondê-la, temos que nos voltar para Deus e sua vontade: Como é o homem que Deus deseja?

O texto 2 exprime bem suas características. Não é um homem sem mente, coração ou vontade, porém um ser que se volta completamente, isto é com todas as suas características e potencialidades, para seu Criador. Este é segundo Jesus, o principal mandamento, como cumpri-lo sem coração, mente e vontade? É claro que SOMENTE com nosso coração, mente e vontade não poderíamos cumpri-lo (não nos esqueçamos do nosso ponto de partida), porém pelos méritos de Cristo somos transformados e capacitados para cumpri-lo: não sem nosso coração, mente ou vontade, mas com estes , que agora estão santificados.

O texto 3 confirma: para que experimentemos a vontade de Deus é necessário renovação, e não abolição de nossa mente.

Como Jesus não só é o homem ideal, perfeito diante de Deus, mas por meio de sua obra é que temos a possibilidade de termos uma vida à sua semelhança, vamos avaliar mente e coração em seu ministério:

Mente:

Jesus apelava para a mente, para o raciocínio daqueles que estavam próximos a Ele:

Episódio Nicodemos (João 3:3-10).

Note que Nicodemos ao ser confrontado com o “nascer de novo” toma o significado que menos necessitaria de reflexão: voltar a sair do ventre materno. Jesus por sua vez insiste, apelando para reflexão de Nicodemos, não dando uma explicação direta, mas instigando-o a não só rememorar significados de símbolos presentes em sua cultura (água, espírito, vento), mas também associá-los com esta nova situação.

Coração:

Jesus emocionava-se:

Episódio morte de Lázaro (João 11:33, 35 e 38).

Nos versículos 33 e 38 observa-se a expressão “agitou-se no Espírito”. O verbo grego significa “bufar, resfolegar”, literalmente utilizado com referência a cavalos, e metaforicamente para indignação.

Ao se aproximar-se da tumba de Lázaro (v 33), Jesus apresentou fúria. Porém logo em seguida, comoveu-se e chorou. A morte foi objeto de sua raiva, e a tristeza dos enlutados de sua comoção e choro.

Equilíbrio Mente e Coração: Qual o lugar de cada um?

Intelecto e emoções têm papel indispensável no discipulado cristão. Como cristão nós não devemos ser, nem tão emocionais que nunca cheguemos à pensar e nem tão intelectuais que nunca consigamos sentir. Deus nos fez seres humanos, e um ser humano é, por criação, tanto racional quanto emocional.

Mas como é que se estabelece a relação entre a nossa mente e as nossas emoções? Há duas relações enfatizadas pelas escrituras:

1) A mente controla as emoções (ou pelo menos deveria fazê-lo!):

Exemplo da ira: (Efésios 4:26 X Gálatas 5:19).

Pode-se entender destes dois textos contrapostos que há dois tipos de ira, uma justa, como a que o próprio Deus tem em relação ao mal, e outra injusta, pecaminosa, contaminada pelo orgulho, inveja, malícia, despeito e vingança. Assim, quando surgem dentro de nós sentimentos de ira, seria uma grande insensatez dar vazão a eles sem nenhuma crítica: que ira é essa que sinto, é contra o mal, ou não passa de vaidade ferida?

Exemplo do amor: Que deveríamos dizer a um homem casado que se apaixona por outra mulher? Ele está indefeso diante desta emoção, ou pode controlá-la e seguir com o compromisso que assumiu com sua esposa diante de Deus?

2) A mente estimula as emoções:

No caminho de Emaús (Lucas 24:32).

Este arder no íntimo do coração é uma profunda experiência emocional; a primeira chama, porém foi o ensinamento bíblico de Jesus que acendeu. Não existe “fogo” que “acenda” tanto o nosso coração como enxergar a verdade.

Tenho dito.